quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reflexões Minhas Que Não Pertencem A Mim

11 horas. Será que dá tempo de fazer alguma coisa? Ah, se não der, vai sem dar, que é até melhor! Essa vida... Tenho uma hora, talvez duas, mas vai ser mais do que necessário. Muitas coisas para se fazer, mas a preguiça fica aonde? Hora de almoçar, tem gente aqui gritando comigo! Um par de tênis sujo, cabelo bagunçado, óculos nos últimos dias de vida... Aliás, tenho que marcar a consulta, porque não dá pra fazer outros óculos sem receita. Oh, que vida! Onde foi parar minha organização? Não consigo achar minha disciplina, oh! A determinação e a perseverança sumiram... Junto com o equilíbrio!! Oh, o que vai ser agora? Tem advogados que gostam dessas palhaçadas aqui. Tem advogados me seguindo. Não, não é intimação não. Seguindo aqui mesmo. Tem gente que não me responde! Tem gente que finge que eu não existo. Tem gente que me ama (coitados...) tem gente que me odeia. Tem gente que não sabe que eu sou, nunca ouviu minha voz, mas fala comigo direto. Tem gente que acha que eu toco bem. Tem gente acha que sou espiã do governo. Não, não, não tem. Agora eu exagerei. Pode parecer esquizofrenia, mas eu acho que tem gente querendo me matar. Qual o problema, ora? Tem gente que EU quero matar.Olha lá, tem gente que não entende o que eu digo, porque eu falo muito enrolado. Eu não sei falar coca-cola. Sai tudo enrolado, sempre. Tem gente que diz que eu preciso de dentistas, psicanalistas, oftalmologistas (salve Connan Doyle!!), de fonoaudiólogos (isso é médico?), de otorrinolaringologistas... Tem gente que diz que eu falo alto (imagine...), tem gente que diz que eu falo muito (calúnia!). Tem uns que dizem que eu sou muito grande. Como se não bastasse todo esse povo, agora eu arrumei gente pra dizer que eu virei Cult. Tudo acabado pra mim. Não, não. Eu como pão com mortadela, pessoal! Tem gente que gosta das minhas meias listradas com um pingüim desenhado. O que será que tem pra comer? Filé de frango empanado. Tem gente me ligando e avisando pra não me atrasar, porque não quer chegar tarde. Tem gente que me diz pra parar de escrever besteiras, porque eu vou ficar doida. Tem gente que diz que eu sou doida. Pois é, que coisa insuportável. Tem gente que diz que me ama, mas me odeia. Todo mundo conhece alguém assim. Tem gente que me acha legal, e gente que não me suporta. Tem muita gente que eu não suporto mais. Tem muitas coisas que eu não quero mais ver, mas sou obrigada a ver todos os dias. Tem musicas que me deixam felizes. Tem coisas que eu já decidi, e outras não. tem coisas que eu gosto, e outras nem passo perto. tem pessoas que gostam de coisas que eu faço. A sabedoria popular explica quase tudo: tem doido pra tudo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Drama Paternal

E então, ao fim de mais uma interminável noite de sexta-feira, o pai, vermelho de raiva, briga com a esposa, que lia tranquilamente um daqueles romances baratos, melosos a ponto de estrebuchar diabético:
-Não sei como você consegue ficar aí, desse jeito, enquanto sua filha pode estar até sendo vítima de assédio sexual.
-E eu juro que não entendo como é que você consegue fazer tanto drama por causa de um aniversário. E não exagere que o Júlio é um rapaz muito decente. Não é nada disso que você está pensando, aliás, é um rapaz muito educado, inteligente, sensível...
-E VAGABUNDO! É isso que aquele moleque é! Ai, se eu descobrir que ele andou ultrapassando os limites... Juro que mato aquele pirralho!
-Deixe de dizer besteiras, homem, que o menino é tão bonzinho!
-Bonzinho, é? Eu é que sei. Já tive a idade dele, sei muito bem o que é que ele quer. Mas com o meu bebezinho ele não vai mexer!
-Ah, Aroldo! Pare com essa conversa, que você ultimamente anda se preocupando muito com essas besteirinhas aí. Desse jeito lhe ataca a gastrite e você cai de cama de novo, mais uma vez! Agora venha dormir, que é só uma festa de aniversário. Aniversário do seu genro. Seu genro, namorado da sua filha de 25 anos, que de bebezinho e de seu não tem absolutamente NADA, quer você queira, quer não queira, e ponto final. Agora esqueça isso e venha dormir. Vamos, ande!
-Está bem, está bem, eu já vou. Mas eu ainda acho que esse namorinho besta está tomando proporções inadmissíveis, ouviu bem? I-NAD-MIS-SÍ-VEIS!
-Ai, ai, está bem, homem, chega!
Proporções realmente inadmissíveis. Tanto que duas semanas depois anunciaram o casamento. Pobre do Aroldo desmaiou ao ouvir a notícia. Atacou-lhe a gastrite. Foi meio contra, dizia que ele era um fedelho inconseqüente e irresponsável, que eles não tinham maturidade suficiente, que era só uma paixãozinha adolescente, porque afinal, você ainda é adolescente, minha filha, você sabe, não é? No entanto, acabou dando uma trégua no final, e hoje, inclusive, é um ótimo avô, super carinhoso, apesar de continuar firme e forte na idéia de que o Júlio, engenheiro pra lá de bem sucedido, não passa de um menino bobão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Artigo De Opinião: Modernidade

Vivemos numa época de ímpetos. E isto porque tudo aquilo que se veste, se ouve, se usa, tudo aquilo que se pensa e a real motivação pessoal da sociedade moderna é baseada em uma única coisa: o consumo extremo, frenético, desenfreado e excessivo. Consumo de qualquer coisa, com ou sem sentido, motivo, necessidade. E por que tudo isso?
Simples. Na sociedade atual existe uma certa “hierarquia econômica”, onde, acima de tudo e de todos nós, estão todas aquelas empresas privadas cheias da nota, que, para movimentar sua economia (do popular “encher seus bolsos”), vivem criando ídolos e personagens da mídia, que são em sua maioria (ou sempre) aprazíveis aos olhos de seu público-alvo.
Dessa maneira, o público-alvo se contenta com o que vê na TV, se comove com os descarados, digo, disfarçados apelos publicitários em forma humana e passa a fazer parte de todo o esquema bolado pelas empresas. Quando o bendito do público-alvo entra no jogo, as empresas tornam-se donas do dinheiro, já que depois de toda essa lavagem cerebral torna-se mais fácil se usar dos consumidores. Esses consumidores passam então a fazer exatamente aquilo que elas querem: pagam absurdos em coisas inúteis, tornando-se verdadeiros out doors humanos, fazendo mais e mais e mais propaganda e alimentando mais e mais e mais um circulo vicioso extremamente consumista, onde quem tem o poder de compra não é nem de longe o consumidor.